Abolição do trabalho e a questão do circuito produtivo global no comunismo

Traduzimos alguns trechos extraídos da intervenção de Libcom no debate “Parecon or libertarian communism?” (“Economia participativa ou comunismo libertário?”):

A ABOLIÇÃO DO TRABALHO
“Ao invés de generalizar o trabalho para medir ´com justiça´ o esforço feito na sociedade como um todo e pagar proporcionalmente, nós buscamos o movimento oposto: generalizar a atividade humana que vale por si mesma, negando a necessidade de incentivos ou sanções, negando o sistema salarial.”

“Essa generalização da atividade além da medida é o que chamamos de abolição do trabalho e da economia como uma esfera separada da vida social. A objetivo é eliminar o trabalho como uma categoria separada de atividade humana, fazendo a atividade produtiva ser satisfatória por si só. Assim, por exemplo, poderemos usar a tecnologia não apenas para aumentar a produtividade, mas também para reduzir o esforço, o tempo de trabalho, etc., porque a produção será um assunto  social, e atenderá diretamente e de forma transparente as necessidades sociais. O objetivo é a abolição do trabalho, não a sua democratização.”

“Além disso, uma sociedade que [como a economia participativa] faz da recompensa do esforço e do sacrifício um princípio fundacional não oferece nenhum incentivo para reduzir o esforço e o sacrifício. Assim como hoje, os trabalhadores buscariam esconder as inovações que reduzem o trabalho, a fim de maximizar suas recompensas (dado que eles perderiam se revelassem ter descoberto um modo de fazer as mesmas tarefas com menos esforço). Por exemplo, se eu fizesse X tarefas  e ela me desse Y créditos para sobreviver, eu não gostaria de ver a queda no meu padrão de vida simplesmente porque eu (ou outra pessoa) inventei uma nova forma de fazer a tarefa mais facilmente. Em contraste, sem salário, veríamos a redução do esforço e do sacrifício, junto com a sustentabilidade ecológica, se tornarem as forças motrizes do desenvolvimento sob o comunismo libertário (ou seja, manifestações concretas de ‘necessidade’ na máxima ´de cada um conforme as suas capacidades, a cada um segundo suas necessidades’).”

“A remuneração pelo esforço e sacrifício incentiva a mentir e enganar, já que os indivíduos podem se beneficiar tanto por meios sujos quanto como honestos. As possíveis soluções para isso (teste mandatório etc) apenas criaria uma outra camada desnecessária de tarefas tecnocráticas,  mais preocupada em monitorar os trabalhadores do que em satisfazer as necessidades humanas”.

O CIRCUITO PRODUTIVO GLOBAL NO COMUNISMO

“Em contraste [com a ideia de planificação central], propomos a “produção por empuxo” [“pull production”, que contrasta com a “push production”, “produção por empurro”], que significa produção  em resposta ao consumo; a medida que os estoques vão sendo consumidos, isso sinaliza automaticamente a produção para reabastecê-los, ‘puxando’ bens através da rede logística [supply chain]. Como se percebe, não se trata da mão invisível do mercado, até porque não há dinheiro, preços e nem troca. Nossa crítica ao planejamento central não é apenas que  ele exclui a maioria de elaborar o plano (embora essa crítica seja correta, ela é limitada), mas que a própria ideia de planificar centralmente metas (cotas) para algo tão dinâmico como uma sociedade de bilhões é fundamentalmente falho, tanto em termos práticos como epistemologicamente.

Consequentemente, vemos o planejamento social racional ocorrendo pela definição da prioridade de setores e bens/serviços, desde os essenciais até o luxo. Os volumes exatos de produção  são, então, determinados localmente em resposta ao consumo, com  a alocação de recursos determinada pela prioridade relativa das indústrias, produtos e serviços em questão. Desse modo, a macro-ordem em termos de volumes reais de produção é emergente e não planificada, embora possa surgir de acordo com as prioridades do plano decidido socialmente (ao contrário da ordem emergente dos mercados, que simplesmente reflete o poder de compra e o que é lucrativo produzir, ao invés do que é necessário, ou a ordem emergente da evolução biológica, que reflete nada mais do que aptidão reprodutiva).

Os meios pelos quais nós pensamos que este processo de planejamento social deve acontecer é através de estruturas de conselhos, por delegados com mandatos revogáveis ou rotativos definidos em assembleias para tratar das decisões de alocação de recursos de acordo com as prioridades do plano social. Pode haver outras maneiras de fazer isso incorporando tecnologia (como por exemplo, qualquer pessoa ser capaz de acessar um banco de dados para atualizar suas preferências individuais, atualizando automaticamente o plano social). No entanto, uma tal base de dados em larga escala seria sem precedentes, e em qualquer caso, há provavelmente benefícios em ter discussões cara-a-cara em conselhos, em vez de escolhas individuais atomizadas. Nós estamos de mente aberta para meios melhores, mas uma estrutura de conselhos parece um bom ponto de partida.”

Continuação das reflexões deste texto: 
 Fundamentação teórica: 
 Perspectiva prática: 

A logística e a fábrica sem muros

por Brian Ashton (2006)
(Apresentação   do estudo Logistics and The Factory Without Walls.  Tradução por Humanaesfera)
A Tecnologia da Informação (TI) permite ao capital coordenar a produção de mercadorias como nunca antes. É uma aparente contradição: a produção está fragmentada por todo o mundo, e as partes, fabricadas aqui e ali, são transportadas por milhares de quilômetros para serem montadas, mas esse processo produz mais mercadorias do que nunca. O capital renovou-se mais uma vez, e, no processo, deixou a esquerda em crise. Enquanto os intelectuais falam em trabalho imaterial e precariedade, o capital se ocupa em dar os últimos retoques a seu novo sistema de produção. Ao mesmo tempo, porém, ele está criando um sistema de comunicação que capacita os trabalhadores  a interagir entre si para além das fronteiras nacionais e continentes. Quase todo trabalhador é hoje um trabalhador de TI, e é a potencialidade que surge disso que coloca o capital sob a maior ameaça. Não se trata de saber se o trabalho é imaterial ou material. Os intelectuais deveriam parar de criar hierarquias de trabalhadores, como operário massa e operário social, trabalhador imaterial e precariado. Seria melhor se buscassem uma compreensão adequada de como a cadeia de suprimentos – que alguns capitalistas chamam de empresa virtual – funciona hoje. Conheça o seu inimigo, aconselha Sun Tzu em A Arte da Guerra.

Uma equipe de pesquisadores da Escola de Negócios de Cardiff [Cardiff Business School] estudou a cadeia de ações necessária para fazer uma lata de coca-cola. Todo o processo, começando na mina de bauxita na Austrália e terminando com a lata na geladeira de alguém, levou nada menos do que 319 dias. Desse tempo, apenas três horas foram gastas na fabricação, e todo o restante no transporte e armazenamento. Um anúncio da companhia de navegação P&O Nedlloyd afirma que a jornada de um único contêiner pode envolver literalmente uma centena de pessoas. Isso abrange desde gente que faz o carregamento dos contêineres até o pessoal de TI, passando pelos planejadores de logística e os estivadores, os motoristas e os trabalhadores do armazém, o funcionário da alfândega e o capitão do navio. Tudo isso põe em destaque tempo e trabalho. O controle desses dois fatores é a principal preocupação dos encarregados do gerenciamento das cadeias de suprimentos (também chamadas cadeia de fornecimento, cadeia de abastecimento, cadeia logística, rede logística,  supply chain).

Conforme explica o referido estudo da Escola de Negócios de Cardiff, a logística é um fator determinante na cadeia de suprimentos. Segundo o Conselho de Gerenciamento Logístico [Council of Logistics Management], a logística é:  o processo de planejar, implementar e controlar o eficiente e eficaz fluxo e estoque de matérias-primas, inventário de processo, produtos finais, desde a extração/produção até o ponto de consumo.

Nos últimos vinte anos, houve uma revolução na área da logística, uma revolução que parece ter passado despercebida pela esquerda autônoma. Essa reviravolta decorre da aplicação de tecnologia à mundialização da produção de mercadorias. Ou, como disse Marx:

Uma mudança radical no modo de produção em uma esfera da indústria envolve uma mudança correspondente  em outras esferas. Isto ocorre  antes de tudo  naqueles ramos da indústria que, embora isolados pela divisão social do trabalho de modo que cada um deles produz uma mercadoria independente, são, porém, entrelaçados como fases separadas de um mesmos processo global.[…]

Mas sobretudo a revolução nos modos de produção da indústria e da agricultura tornou necessária uma revolução nas condições gerais do processo social de produção, ou seja, nos meios de comunicação e transporte.[…] 

Os meios de comunicação e transporte eram tão intrinsecamente inadequados para os requisitos produtivos do período manufatureiro, com a sua divisão ampliada do trabalho social, sua concentração dos instrumentos de trabalho e operários e seus mercados coloniais, que eles foram de fato revolucionados. [..] E também no período da ´indústria moderna´ os meios de comunicação e transporte herdados do período manufatureiro se tornaram obstáculos.” O Capital, vol. 1 (Capítulo: Maquinaria e Grande Industria).

O marxismo autonomista vê a luta dos trabalhadores como o motor do desenvolvimentocapitalista. Nos anos 70, o capital começou a atacar os núcleos de poder de classe que alguns chamavam de operário-massa. Ele atacou em três frentes. Buscou quebrar a rigidez imposta àprodução pela militância de classe usando a tecnologia para desqualificar os trabalhadores e reconfigurar o layout da fábrica. Passou a deslocar parte da capacidade produtiva para fábricas menores, sub-contratando o trabalho de outras empresas (terceirização). E ele usou o Estado para impor a crise sobre a classe trabalhadora. Ele teve tanto êxito em seu projeto que, desde osanos 80, a classe trabalhadora sofre derrota após derrota. A composição política forjada na batalha foi desmantelada e descartada. Parece, para este velho operário da indústria automobilística que vos fala, que não foi só o capital que nos descartou, mas que um grande número de intelectuais comunistas viraram as costas para nós também. A conseqüência é queagora temos uma geração de anti-capitalistas que não sabe como interagir com a classe trabalhadora. Apesar de estarem rodeados pela classe que eles parecem estar mais interessados, eles vão à selva mexicana, ou preferem ir à Gênova e Seattle e dar à máquina do Estadooportunidades para treinar controle de multidão.

Nos anos 60 e 70 havia uma constante interação entre militantes da classe trabalhadora e a esquerda emergindo das universidades. Nem sempre isso foi positivo, mas onde houve uma sinergia, a teoria e a prática tinham alguma conexão. Aprendemos uns com os outros e coisas ótimas foram produzidas. Aqui na Grã-Bretanha, a obra publicada de Big Flame e Solidarity éprova disso. Na Itália, Potere Operaio e Lotta Continua ajudaram a desenvolver uma compreensão dos pontos fortes e fracos da composição do capital. Hoje, podemos falar de um sistema de produção globalizado, mas quantos de nós pode descrever como ele funciona? Como é que a lata de coca vai de A a Z? Nos anos 70 nós sabíamos como a fábrica e os sistemas de transporte funcionavam e era desse conhecimento que vinha nossa capacidade de combater acapital. Hoje, é certamente difícil entender exatamente como as coisas são feitas, mas é imperativo que ganhemos um conhecimento profundo dos processos de produção e logística,das cadeias de suprimento do capital, ou, dito de outra forma, das fábricas sem muros. Algunscapitalistas vêem a cadeia de fornecimento como uma fábrica virtual e querem que os trabalhadores se remetam à cadeia de fornecimento, ao invés de perceberem-se comoempregados das empresas que integram essa cadeia.

A composição da classe trabalhadora vem da luta, mas antes requer que os capitalistas reúnam trabalhadores para impor uma disciplina de produção. No presente período, só podemosentender como a disciplina é imposta mediante uma abordagem global. A composição técnica do capital está difusa por todo o mundo, assim como os trabalhadores da cadeia de suprimento de mercadorias. Sob tal sistema, a disciplina é imposta pela aplicação do kaizen (melhoria contínua) e  da entrega just-in-time combinados com a aplicação de tecnologias da informaçãopara policiar a produtividade dos trabalhadores.

Isso é reforçado pela mudança no modo como as mercadorias são movimentadas pelo sistema. O capital passou de uma economia de empurro [push economy] para uma economia de empuxo[pull economy], em outras palavras, está fazendo as coisas enquanto elas são demandadas, ao invés de fazê-las conforme uma demanda prevista. O lema da economia de empuxo é: “Se não foivendido, não produza.” A economia de empuxo dá às grandes cadeias de supermercados umpoder enorme, porque elas controlam a informação que “puxa” as mercadorias através da cadeia de fornecimento. Quando você compra uma lata de feijão no supermercado Asda, a informação é transmitida para todos que estão ao longo da cadeia, para que outra lata de feijão seja produzida. Claro, milhões dessas peças de informação voam pelo ciberespaço a cada instante.Um dos efeitos da economia de empuxo é o aumento do trabalho precário: se a demanda diminuir, demita trabalhadores. As empresas têm programas de computador que calculam o número de trabalhadores necessários para satisfazer uma determinada demanda,  e “puxa”trabalhadores de um reservatório de precariedade, muitas vezes disponibilizado por agências de emprego. E cada vez mais elas terceirizam atividades acessórias subcontratando empresas de serviços;  essa é uma das razões para a rápida proliferação da indústria logística nos últimos anos. A indústria automotiva está indo para o modelo “economia de empuxo”, o que é um dos motivos principais de os operários dessa indústria nos EUA estarem sendo atacados neste momento.

Se as cadeias de suprimento são espalhadas  pelo planeta e os níveis de estoque são reduzidos aojust-in-time, então, para completar o ciclo de acumulação, a aplicação da logística torna-sedeterminante. Ao mesmo tempo isso aumenta a possibilidade de luta efetiva da classe trabalhadora: quando os caminhoneiros da costa oeste dos EUA, há um ano,  fizeram greve, elesparalisaram as cadeias de fornecimento do Wal-Mart e de outras cadeias gigantes, provocando ondas de pânico em muitas salas de diretoria. A importância da logística não pode ser subestimada – tente imaginar a cadeia de fornecimento de qualquer produto sem o inputlogístico. A globalização da produção tem deixado muitos trabalhadores acreditando que elesnão podem fazer nada sobre isso, e quando as empresas transferem a produção para a China ou a Índia, eles ficam hipnotizados pelas luzes do rolo compressor capitalista que os esmaga, mas esta aparente força do capital multinacional é de fato a sua fraqueza.

Historicamente, os operários da logística eram os mensageiros do pensamento radical e transportadores de notícias das lutas dos trabalhadores. Eles próprios, é claro, se envolveram em muitas batalhas. Nos últimos vinte anos, muitas dessas batalhas foram defensivas, lutas para salvar empregos e manter condições de trabalho. A retirada do Estado na gestão direta do setor de logística foi o catalisador de um ataque global que continua até hoje. O capital privado entrouem peso no ataque aos trabalhadores em toda a indústria. Ao mesmo tempo, estas empresas têmse empenhado num frenesi de fusões e aquisições, que resultaram no surgimento de empresasverdadeiramente mundiais que empregam muitos milhares de trabalhadores.

Pode-se ter uma idéia do tamanho dessas empresas a partir de dois exemplos: a United Parcel Services (UPS) e a Deutsche Post (DP). A UPS é uma empresa de 33,5 bilhões de dólares que opera em 200 países e emprega mais de 340.000 trabalhadores. Ela fornece logística/distribuição de transporte e fretagem, comércio internacional, serviços financeiros, mecanismos de correspondência financeira e serviços de consultoria. Ela cresceu se beneficiando de processos de subcontratação, que são comuns nesse setor, e através da aquisição de outras empresas. Ela faz grandes cartadas: comprou a transportadora Fritz por 450 milhões de dólares. A DP é parcialmente do governo alemão, que detém 41,6 por cento das ações. Estas serão vendidas a investidores institucionais nos próximos anos. A DP opera o serviço postal alemão, é dona da DHL, e no ano passado comprou a Exel, britânica. A própria Exel era uma empresa aquisitiva antes de ser comprada; ela já havia comprado a Tibbett & Britten, a sétima maior empresa de logística do mundo. Isto resultou em uma empresa que emprega mais de 103.000 pessoas. Não sei quantas pessoas trabalham para a DP, mas deve ser da ordem das centenas de milhares.

A fábrica de automóveis Jaguar em Halewood, em Merseyside, talvez possa nos dar uma idéia de como uma cadeia de suprimentos funciona e de como a logística se encaixa na cadeia. Em Halewood, a Ford fabricava o Escort e foi lá que este proletário que vos fala trabalhou por setelongos anos. A fábrica era considerada pela Ford uma pedra no sapato, e a ameaça defechamento estava sempre pairando sobre ela. A Ford comprou a Jaguar e decidiu fabricar o carro Jaguar em Halewood. Ao mesmo tempo, decidiu alterar radicalmente as práticas de trabalho na fábrica. Ela trouxe uma empresa americana chamada Senn-Delaney para alterar a mentalidade da força de trabalho, e parece ter sido bem sucedida, porque Halewood é agora considerada a melhor fábrica de carros da Europa. Se tentassem isso  nos anos 70, o trabalho dessa empresa teria sido desafiado pela contra-informação da esquerda.

Quando eu trabalhava em Halewood na década de 70, havia 14 mil de nós empregados no local.Hoje a Jaguar emprega cerca de 2.800 pessoas, mas este número é enganoso, porque uma fatia considerável do trabalho foi transferida aos fornecedores que, por sua vez, repassam parte do trabalho para fornecedores menores. Numa cadeia de  suprimento, as empresas são classificadosassim: Original Equipment Manufacturer (OEM), ou seja, a Jaguar; fornecedor de primeiro nível [First Tier Supplier], ou seja, a Bosch, os pequenos fornecedores são chamados de segundo nível, terceiro nível, etc. Quem conecta tudo são as empresas de logística. Em Halewood, a UCILogística, subsidiária da empresa japonesa Nippon Yusen Kaisha (NYK), opera o conjuntologístico. Como fornecedora logística principal, a UCI é responsável pela logística de entrada[inbound logistics] em Halewood, e também pela logística interna da fábrica em si. Nos dias daFord, a logística interna era realizada pelos próprios trabalhadores da Ford. O serviço delogística de entrada envolve uma operação da cadeia de suprimento,  na coleta de peças, partes e submontagens por toda a Europa,  usando em parte sua própria frota (da UCI Logística) e em parte a de sócias da UCI. O serviço de logística interna envolve descarregamento de peças, o movimento dos componentes para as áreas de armazenamento e sua disponibilização nas linhas de produção sem incorrer em estoques laterais. Também é tarefa da UCI garantir que, nas linhas, nunca um estoque lateral exceda o volume de duas horas estipulado pela Jaguar. São ostrabalhadores da UCI que dirigem as empilhadeiras que transferem material por dentro da fábrica de Halewood.

Vejamos a logística de um determinado produto que chega em Halewood, da montagem derodas e pneus. A UCI movimenta 500.000 montagens por ano em Halewood. O contrato inclui a logística externa para o suprimento de rodas de liga, da Itália para instalações da Pirelli no Reino Unido, e a entrega de montagens completas para Halewood, três vezes por dia, juntamente com a logística interna na fábrica da Jaguar. A UCI seleciona entre 12 tipos diferentes de montagens a partir de instruções automatizadas transmitidas pela Jaguar e entrega o produto no ponto de encaixe na fábrica. O operário massa não foi destruído,  mas reconfigurado.

O capital adquire poder a partir da extração de mais-valia, e a cadeia de suprimentos é a fábricasem muros onde esse processo ocorre. No passado, os socialistas se organizavam e agitavam em torno dos centros de produção de mercadorias – pensemos na atividade realizada em torno da fábrica da Fiat Mirafiori, em Turim e os esforços de Big Flame em Dagenham e Halewood – masesse tipo de atividade pode ser feita hoje? Se uma tal agitação ocorrer hoje,  terá de ser em uma escala global, mas há tecnologia para isso. O capital, ao se tornar planetário com suas cadeias de suprimento, está criando a oportunidade para uma luta mundial dos trabalhadores. Para quetenhamos êxito, é preciso conhecer como a composição atual do capital funciona. O artesão e o operário massa sabiam como o sistema produzia mercadorias; precisamos desenvolver esse conhecimento hoje.

(Brian Ashton <t.ashton EM merseymail.com> é ex-operário da indústria automobilista na Inglaterra que desenvolveu um interesse pela indústria logística quando apoiou os estivadores de Liverpool saqueados durante meados dos anos noventa.)

Ver também:

A rede de lutas na Itália (Romano Alquati, anos 1970)

A escassez artificial em um mundo de superprodução: uma saída impossível(Sander, 2010)

Teste de realidade: estamos vivendo em um mundo imaterial? (Steve Wrigh, 2005)

Serviços: subsunção formal (Endnotes, 2010)

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